Mariana esteve na cidade dele, afinal aquela sempre, sempre, sempre seria a cidade dele e deu três aulas muito boas e almoçou com os donos do curso e abraçou uma amiguinha que mora ao lado da instituição e, antes de rumar para o aeroporto (longe, longe, longe demais), pediu pro moço do táxi moço, dá pro senhor passar na avenida dele? e o moço do táxi, quando chegaram na avenida dele, perguntou pra qual número Mariana queria ir e Mariana disse número nenhum, moço, dá só pra gente ir pra lá e pra cá, não tenho um lugar pra ir, não, dá? e o moço do táxi concordou muito sério e era um trânsito horrível, ida e volta, ida e volta, mas a senhora não quer dar uma chegadinha na praia? e Mariana não, não, vamos só correr a avenida mais uma vez e Mariana não pôde deixar de pensar que estava passando rente da calçada que, um dia, o carteiro tinha percorrido com a carta que Mariana escrevera pra ele e que não merecera resposta — nem Mariana e nem a carta, né, mereceram — e daí Mariana também se lembrou da amiga que ama escrever cartas e sorriu porque a amiga acredita que cartas enviadas e respondidas são importantes, importantes, importantes e Mariana, sem qualquer importância, disse pro moço do táxi que já tava bom e o moço do táxi levou Mariana pro aeroporto (longe mesmo) e Mariana veio pra casa e a semana já já acaba.
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Se não tivesse praia, podia ser Curitiba e Mariana podia ser eu em 2018. Ai Mari, só rindo de nós.
Às vezes seus textos corroem alguns pedacinhos da minha imaginação. Vi Mariana ali na avenida dentro do táxi percorrendo cada pedaço como se quisesse pegar cada centímetro para lembrar dele. Adorei