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Transcrição

Drops da Fal

Imagina se tenho um irmão perdido, planos bobos demais para sobreviverem nesse mundo e um sanduíche de queijo e abacate com limão e pimenta

Um teste de filminho, totalmente imitona do Biazetti, — que está produzindo coisas muito queridas.

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A Camila me indicou essa coisinha querida, só pra assistir com ela, rapidinho e ela me dizer “pensa num trampo sensacional”.

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O Bruno indicou e eu, claro, adorei, um dos meus assuntos do coração. Ele trabalhou com a dra. Alice Roberts e a admira muito.

Sou louca por esses documentários (y soy loca por ti, America — sempre canto essa bobagem dentro da minha cabeça quando uso a expressão) porque amo aprender como as pessoas de qualquer época — a minha, as outras — vivem e viviam.

Para mim a amizade, a construção da amizade, passa, sim, pelo compartilhamento do cotidiano. Não me mande memes — ou me mande, adoro, claro —, mas me mande, principalmente, fotos dos seus pés descalços sobre o capacho (dependendo dos pés e do capacho guardarei a foto para sempre), do seu sanduíche, do novo travesseiro, suas impressões sobre a calçada, o parquinho do seu quarteirão, o catiorro fazendo manha durante o passeio, o sinal do batman nas grades do metrô. Raramente tenho qualquer paciência para discutir os rumos da civilização, o conflito que envolve reféns, as ideias (que não discuto, mesmo não concordando de jeito maneira) de que igreja deveria estar onde. Quero saber suas impressões sobre a nova marca de manteiga no mercado e quero partilhar as minhas com você.

Depois eu me espanto com minha imensa solidão. Eu esperava o quê?

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A pessoa que me indicou esse documentário — certamente ela não quer que eu fale o nome dela — me disse “você e sua mãe vão gostar”).

A pessoa que me indicou esse documentário — ela não gostaria que eu citasse o nome dela — me disse você e sua mãe vão gostar.

Impossível saber se a mã gostaria ou não: as horas dela atualmente se dividem entre ficar na rua com as amigas ou assistir influencers de esquerda, dos mais razoáveis, embasados juridicamente e com a medicação em dia, aos que gritam BO⅃SONARO PRESO AMANHÃ EM MEIO A UMA BRUMA DE DESGRAÇA E SANGUE.

(Sobre os amigos: a mã é uma dessas criaturas adoráveis e engraçadas e tem mais de um grupo de amigos e um em particular cujos laços duram, sim, setenta anos. Eu, que não costumo ser suportada por ninguém para além de dois, três anos, balanço a cabeça a com incredulidade, como é possível uma pessoa feito eu ser filha duma pessoa feito ela).

Voltando ao documentário: impossível saber se a mã gostaria, portanto. Eu adorei.

Dois pares de gêmeos bolivianos são trocados no hospital, de maneira que um irmão de cada par é criado na família que, biologicamente, não era a dele.

Traumas, risadas, gentilezas, a construção de novo relacionamentos e novos prumos para relacionamentos antigos que, fatalmente, é coisa que passa pelo compartilhamento de intimidade, troca de gentilezas, comunicação consistente e contínua. Espantoso que os quatro e suas famílias, tenham conseguido.

A história, como é conduzida, ficou tocante, e esse documentário, que noutra configuração seria longo demais, foi, para mim, gostoso de assistir — ainda que eu, claro, estivesse inclinada a adorar, porque me foi recomendado por alguém que amo.

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Boa sorte nessa semana. Algo me diz que vamos precisar.

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