Eu não amo. Não odeio. Não faço macramê. Não escrevo cardápios a mão em letra gótica com tinta roxa, não vou a shows de rock, não dou dicas de arrumação, não faço charme, não bato as pestanas, não fico de palhaçada com café isso, chá aquilo, cerveja só aquela, hein. Não planejo a revolução. Eu trabalho. Sei que não está muito na moda dizer isso. Todo mundo precisa trabalhar (ia dizer “menos os herdeiros”, só que conheço uns que trampam, sim), mas dalguma maneira virou moda fingir que ninguém mais precisa trabalhar. Bom, eu preciso e é isso que faço. Eu trabalho. Para o bem e para o mal. Geralmente para o mal.
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Cê acorda pro xixi da madrugada e, ao descobrir que a temperatura é de 13 graus, seu amor pela humanidade se descobre totalmente renovado.
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A vida do dono de gato é um pêndulo que oscila entre o eu amo esse gato e eu vou matar esse gato.
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Na foto do gato-baderna, Fernando, dá pra notar que meu amor-agarradinho anda temperamental. Ele não sabe se quer viver, morrer, se vai fixar suas folhinhas na grade, se gosta desse vaso estanho ou quer crescer na natureza, se tem uma mensagem pras futuras gerações, se odeia o sol, se quer ser deixado em paz. Meu amor-agarradinho, no fundo, é um cara moderno. Que planta doida.
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Acabei de acabar de ler dois livros muito dos maravilhosos sobre o Lautrec: Toulouse-Lautrec (1988), do Jean Sagne, editora Fayard e The life and work of Toulouse-Lautrec: Court painter to the wicked (1966), da editora London.
Cabei de ler quase juntos, apesar de ter começado a leitura do The life and work muito depois, porque o livro do Sagne é em francês e em francês demoro uma vida na leitura: sou ignorante em vários idiomas.
Se não fosse tão bom pintor, Lautrec, pra mim, cairia na categoria “caras cuja vida é superior à obra”, porque, meu Deus, que vida incrível ele teve. Solitária e triste, miserável, às vezes, mas incrível. Foi um sujeito que viveu a época a que pertenceu. Lautrec conhecias seu meio, os códigos, as pessoas, os fazeres, a fauna e, mais importante, reconhecia a ele mesmo como protagonista do que experimentava, via, ouvia, desejava. Ninguém jamais falará ao meu coração com a mesma intensidade que Matisse, mas Lautrec me desconcerta.
As pessoas, as cores. A vida numa Paris que, sendo a mesma há quase dois mil anos, nunca, nunca, nunca foi a mesma. As drogas, as noites, a luzes (o amontoado de diferentes luzes que inventamos naquela virada de século), a perspectiva, os cuidados, a falta deles, a morte. A cada tela, a cada tela.
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Série com Pedro Pascal e daí que a gente fica ali, episódio após episódio, sem ver o rostinho dele. Isso é errado demais.
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Estamos, todos nós, chamando de inveja um negócio que não é inveja. Inveja é querer o que o outro tem. Tem uma turma na vida que não quer o que você tem. Quer que você não tenha. Assim, fica todo mundo sem ter. Quem escreve tromba com esse tipo de criatura várias e várias vezes. Não sei o nome desse sentimento, mas essas pessoas estão por aí.
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Para quem procura um macarrão sensacional, tá aqui.
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Bem novinhos, alguns de nós cremos que pessoinhas minúsculas vivem dentro da tevê. Daí crescemos um bocadinho e largamos isso de mão. Tenho novidades: ao envelhecer, voltamos a acreditar nas pessoinhas minúsculas. Só que agora elas vivem dentro do celular e nos odeiam.
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Quinta-feira, Fal?
Quinta-feira, amores.
Beijos,
eu.
Que delícia de texto, Fal! Parece daqueles encontros rápidos com um amigo na rua e ele conta um pouco sobre o que se passa na vida dele! 🥹✨
desejar que o outro não tenha só porque você não pode ter tem nome: recalque. 😂😂😂